Artigo: a tomada de decisão na Justiça com base em dados

O ecossistema da Justiça tem investido cada vez mais em tecnologias que possibilitam um maior desempenho e assertividade nas decisões. A ciência de dados é uma das grandes aliadas para o futuro da Justiça.

Em artigo para a Zero Hora, Ilson Stabile, diretor-executivo da Unidade de Justiça da Softplan, discorre sobre a tomada de decisão na Justiça com base em dados. O artigo faz parte da série “Ideias para o futuro”. Confira:

A tecnologia, que há cerca de uma década gerou uma transformação no Judiciário brasileiro com o processo digital, agora promove uma nova onda de mudanças com apoio da ciência de dados.

A estruturação do imenso volume de informação marca o fim do tempo em que as decisões eram tomadas por intuição. Gestores e magistrados agora decidem com base em dados.

O futuro da Justiça pode ser previsto no presente. Com o uso da inteligência analítica (Analytics), as instituições da Justiça têm acesso a dados e peças dos processos digitais e, a partir deles, executam análises preditivas, que mostram como estarão as demandas daqui a alguns anos.

Essa gestão sistêmica permite um alto grau de assertividade em alocação de recursos, gestão orçamentária e qualidade na prestação jurisdicional.

Soluções com inteligência artificial (IA) aplicada já são capazes de aprender os históricos de decisões de cada magistrado e sugerir novos documentos. A decisão final, no entanto, será sempre do especialista.

Tribunais que modificaram sua cultura de gestão com a implantação do Sistema de Automação da Justiça (SAJ) são referência nesses novos modelos de trabalho.

O TJMS, por exemplo, movimenta metade de seus processos com apenas 300 servidores alocados na CPE, uma secretaria central que atende a varas de diferentes competências em todo o Estado.

Um funcionário produz cinco vezes mais nessa nova estrutura do que na estrutura tradicional, em que cada vara trabalha com sua respectiva secretaria.

O TJSP, o maior da América Latina, inovou na parceria com a Secretaria de Segurança Pública. Ainda neste ano, todo o Estado terá seus inquéritos em formato digital, integrando 1.752 delegacias ao Judiciário. Essa nova gestão vai economizar R$ 10 milhões ao ano e pelo menos 500 servidores poderão ser realocados em atividades que agilizam as investigações criminais.

A partir do uso integral do processo digital, é possível aplicar a ciência de dados e a IA. Os trâmites processuais são mais ágeis, há economia de recursos, os servidores têm mais qualidade de vida e as respostas aos cidadãos são significativamente mais rápidas.