Quatro especialistas em Direito expuseram as dores e desafios da Justiça

Florianópolis recebe primeira etapa da maratona de programação para Justiça

Abertura do Global Legal Hackathon 2019 em Florianópolis

Abertura do Global Legal Hackathon 2019 em Florianópolis

Uma maratona de programação para Justiça com o objetivo de criar soluções para problemas reais, produzindo algo que possa fazer a diferença na vida pessoas. Esse é o Global Legal Hackathon (GLH), que começou nesta sexta-feira (22) e vai até domingo (24).

Com a participação dos principais nomes da tecnologia, profissionais do Direito, designers, empreendedores, juristas e entusiastas da inovação, a etapa de Florianópolis acontece na Softplan, empresa catarinense que é uma das maiores desenvolvedoras de soluções para a Justiça do Brasil.

Noa abertura do GLH, no início da noite desta sexta-feira, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a realidade do Judiciário e seus principais gargalos. O evento começou com uma apresentação do diretor de Inovação da Softplan, Marcos Florão. Ele trouxe alguns números que dão a dimensão dos desafios: no mundo, 1 bilhão de pessoas não têm acesso à Justiça. E hoje, no Brasil, 111 milhões de processos estão em tramitação.

“Estes números nos dão uma dimensão de grandeza. Mas por trás deles existem histórias de vidas, de pessoas que têm problemas a serem solucionados na Justiça”, disse, apresentando um vídeo da websérie Vidas Transformadas na Justiça.

Florão também destacou a participação do Brasil no Global Legal Hackathon, que neste ano tem oito cidades sede. E lembrou que, ano passado, o único time da América Latina presente na final em Nova York saiu aqui de Florianópolis.

Painel: como ideias inovadoras podem solucionar os desafios da Justiça

Um painel de debates com quatro especialistas em Direito apresentou os principais desafios que a Justiça brasileira enfrenta hoje. O objetivo foi inspirar os competidores a desenvolverem suas ideias.

Em sua fala, o advogado e assessor jurídico do Sebrae de Santa Catarina, Pedro Pirajá, falou da importância de buscar novas formas de resolver os conflitos além da litigância. E lançou uma provocação:

“Trazer soluções para a Justiça não é necessariamente trazer soluções para o Judiciário.”

O gerente de Tecnologia da Informação da Defensoria Pública de Santa Catarina, Guilherme Moura Thomaselli, também acredita na importância de buscar novas formas de mediação e conciliação para ajudar a desafogar o Judiciário. E sugeriu aos participantes que buscassem soluções facilitar o atendimento jurídico a pessoas carentes mesmo à distância.

O ex-desembargador e advogado Jorge Henrique Schaefer Martins, falou sobre a dificuldade que os órgãos do Judiciário têm de desenvolver soluções inovadoras internamente. Para ele, a resposta para isso é “mudar a cabeça” e se aproximar de iniciativas da sociedade e do setor privado. “Inteligência Artificial é absolutamente indispensável hoje em dia para a Justiça”, falou, como exemplo de ideia que o poder público precisa olhar com mais atenção.

A presidente da Comissão Especial do Processo Eletrônico da OAB-SC, Juliana Foggaça, lançou o desafio supremo aos competidores do GLH:

“Criem algo que a gente ainda não conhece”.

Quatro especialistas em Direito expuseram as dores e desafios da Justiça

Quatro especialistas em Direito debateram as dores e desafios da Justiça

Importância de uma maratona de programação para Justiça

Com mais de 109 milhões de processos em tramitação, a Justiça brasileira e seus avanços com o processo digital têm muito a compartilhar com o mundo. No momento em que o raciocínio jurídico deve ser cada vez mais enaltecido, é necessário que se tenha a tecnologia como uma aliada para as atividades repetitivas para que servidores possam se dedicar a atividades mais especializadas para tornar a Justiça mais ágil e qualificada.

A proposta do Global Legal Hackathon é encontrar projetos inovadores para democratizar o acesso ao sistema judiciário, aproximando os cidadãos dos seus direitos de forma mais ágil e rápida. Desafiadas com temas pertinentes aos problemas da Justiça, as equipes multidisciplinares colocam a mão na massa para desenvolver e apresentar um protótipo. Os vencedores de cada etapa têm a oportunidade de chegar à grande final global em Nova York, Estados Unidos.

Iniciativa da Global Legal Blockchain Consortium e da North Texas Blockchain Alliance, com apoio da IBM, o GLH ocorre simultaneamente em outras 45 cidades espalhadas por 24 países do mundo. A etapa Florianópolis conta também com o apoio da OAB-SC, da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) e de empresas e entidades regionais de vários segmentos.

Em Santa Catarina, Jaraguá do Sul e Balneário Camboriú também recebem o Global Legal Hackathon. As cidades são responsáveis por organizar suas competições por meio de instituições públicas e privadas que sediam a maratona. Os três melhores projetos avaliados por uma banca de especialistas receberão R$ 2 mil, R$ 4 mil e R$ 8 mil.

Global Legal Hackathon 2018

A Softplan também sediou o evento em Florianópolis, em 2018. A primeira etapa do Global Legal Hackathon reuniu cerca de 10 mil pessoas no mundo todo para criar soluções aos desafios da Justiça. No Brasil, as etapas ocorreram em Florianópolis e em Belo Horizonte.

A solução vencedora da etapa Florianópolis conseguiu uma vaga na final, em Nova York. Única selecionada na América Latina, a equipe formulou o “Apresente-se”. A solução facilita a apresentação de cidadãos em medidas restritivas às autoridades judiciais, o que pode evitar os altos custos com a tornozeleira eletrônica, por exemplo.

Conta com georreferenciamento e reconhecimento biométrico de imagem e voz,  que dispensa o deslocamento do cidadão até o fórum. Isso também beneficia as Cortes de Justiça, que têm acesso às informações de forma remota, garantindo eficiência operacional e economia de recursos, tendo a tecnologia como aliada.